sábado, 17 de março de 2012

PLATÃO - Visão da Antropologia Filosófica


Texto de Eneide Pompiani de Moura da disciplina "Tópicos de Antropologia Filosófica" do curso de Pós-graduação em Filosofia da Existência - Universidade Católica de Brasília - Polo: São Paulo, coordenado pelo Prof Vicente Sergio Brasil Fernandes (março/2012).



                   O homem platônico, representado por ele na figura de Sócrates, é um homem inquieto que a todo tempo busca, questiona, a fim de entender a si mesmo. Num esforço perene nessa busca pela auto-compreensão, num projeto sem fim uma vez que a libertação do corpo só se dá pela morte.

                     Platão nos dá a entender que toda a reflexão acerca da vida e do mundo deve partir do próprio homem. Na medida em que se desenrola esse estudo, o homem vai se constituindo. 

                    Para Platão, o homem sendo concreto, é a ele que direciona de modo particular o seu discurso, homem esse representado pela figura de Sócrates. Nesse caso, Sócrates deixa de ser uma forma de expressão, passando a ser entendido «como a expressão filosófica em si mesma», ou o exemplo de um homem filosófico por excelência. Deste modo, se pode entender como a filosofia exalta os vários aspectos fundamentais no contexto reflexivo sobre o homem; isto é, o homem é anterior ao próprio filosofar. Ele posiciona-se diante dos problemas da existência como também diante de si mesmo. Esse posicionamento ultrapassa toda e qualquer filosofia sistematizada.

                    Platão, ao distinguir o homem filósofo como aquele que vive segundo o espírito e o não filosófico aquele que vive segundo a visão sensível das coisas, faz com que a alma adquira uma importância singular, em detrimento do corpo, considerado com entrave para a existência. Mas «esta problemática é uma relação dinâmica que só terá existência se for vivida. Portanto, a dualidade alma-corpo é algo fundamental para a compreensão mais abragente da existência».

               
Para Platão é pela palavra partilhada no processo de diálogo que o ser humano cria o mundo, a verdade. Verdades partilhadas constroem consensos dialógicos. Esse modo de ser do homem sobre a face da terra que necessita se abrir para o outro, através da forma respeitosa e reconhecedora do diálogo, cria a possibilidade de fazer nascer a verdade que, no fundo, já habitava em cada um dos interlocutores.

                 Com Platão a especulação filosófica atingiu inesperadamente uma de suas expressões mais alta. No pano histórico ela representa um esforço de síntese entre Heraclito (devir da realidade sensível) e Parmenides (ser do mundo real), a serviço da vida moral e cívica do homem (Socrates). 

                         A característica dominante do seu pensamento é o dualismo: ser em si e coisas que participam do ser, inteligível e sensível, alma e corpo, etc. Portanto, Platão soube aproveitar este dualismo para dar a toda as atividades humanas sentido transcendente, movimento vertical, valor perene. De fato, o seu poderoso apelo para as ideias ultra-terrenas é uma das mensagens mais nobres jamais comunicadas à humanidade. 


Autora: Eneide Pompiani de Moura

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