quarta-feira, 21 de março de 2012

Cultura Grega Antiga - Visão da Antropologia Filosófica




Texto de Eneide Pompiani de Moura referente ao fórum de discussão sobre “O Lugar do Homem na Cultura Grega” da disciplina "Tópicos de Antropologia Filosófica" do curso de Pós-graduação em Filosofia da Existência - Universidade Católica de Brasilia - Polo: São Paulo, coordenado pelo Prof Vicente Sergio Brasil Fernandes (março/2012).

Falar do homem sobre si mesmo é falar do homem sobre a humanidade que se apresenta nas seguintes formulações: Quem somos? Por que existimos? Por que buscamos o sentido das coisas?
Em nosso dia-a-dia são muitos os momentos e situações em que o(s) questionamento(s) sobre o ser humano e o sentido de sua existência pode(m) aparecer, onde várias respostas podem ser apresentadas. Uma resposta em particular será diferente se for formulada de forma generalizada – este é o foco da antropologia filosófica -  que vai buscar as respostas para a existência da humanidade e aí nos incluímos como partes de um todo maior.
Portanto, as respostas também podem ser várias e diferentes dependendo do foco de sua pergunta. Assim, encontramos respostas sobre o homem na ciência – biologia, sociologia, história, economia, psicologia etc... – e, também, na Filosofia Antropológica.
Karl Jaspers nos diz que “quem se dedica à filosofia põe-se à procura do homem, escuta o que ele diz, observa o que ele faz e se interessa por sua palavra e ação, desejoso de partilhar, com seus concidadãos, do destino comum da humanidade”.

Refletindo sobre: O sentido da palavra cultura para o homem grego, considerando que é nesta que ele tentará fundar um processo de individualização.
A cultura para o homem grego pode ser entendida como a totalidade das manifestações e formas de vida que permite a caracterização de um povo, pois, através da apreensão da cultura como princípio formativo, que o povo grego, considerou a totalidade de sua obra originária em relação a outros povos. É a partir deste pensamento grego que serviu como fonte de todo o impulso criador do mundo ocidental, instaurando os sentidos para a existência do homem. Este homem que passa a ocupar um lugar de destaque na cultura.
A identidade de um povo se manifesta na cultura, isto é,  suas realizações que o torna peculiar. O destaque é dado ao homem com criador desta mesma cultura. A cultura não é um dado exterior ou soberano, mas é um “produto” do agir do homem.  Na sua individualidade o homem  cria, pensamentos, ações e linguagem que formam a cultura que é também o lugar da realização comunitária. Portanto, nota-se que apesar do homem encontrar a sustentabilidade no comunitário (o indivíduo põem-se ao serviço da Polis), o individual não fica ofuscado.
A cultura passa a ser a própria existência do homem, que coloca em questão o seu eu individualizado: todo o modo de ser do homem é um questionamento. Ao fazermos isso, inauguramos uma nova linguagem, uma nova forma de compreensão do mundo ou do próprio homem que o habita.

Questionar é próprio do homem. O homem não se contenta só com existir por existir. Não quer só o estar aí. Todo o seu viver constitui um contínuo questionamento na procura do sentido do seu existir como ser. Talvez, para o homem, o questionar seja uma aspiração para ultrapassar a sua finitude e buscar outras formas de existências. É próprio do homem não aceitar ser “aprisionado” numa estruturas não dinâmicas, como que exilado do próprio ser. Por isso, questionar liberta o homem das amarras do destino permitindo-lhe  reinventar-ser continuamente.

Todas as questões são colocadas na forma de diálogo como uma característica fundamental da existencia do homem, livrando o homem das amarras da própria existência. Ao dialogar, o homem coloca o seu pensamento ao olhar crítico do outro e vice-versa. Por isso é que, para o Platão, o homem é essencialmente diálogo, pois por este meio, ele ultrapassa todas as formas de esquematização analítica.

Platão entende que, por um lado, o diálogo revela a necessidade da comunicação, isto é, agir sobre e em direção do outro; e, por outro, o diálogo indica uma maneira bastante original de ser homem, pois todos vivem em sociedade. Sendo assim, o homem é ação e é, por isso mesmo, também político.
É através do diálogo que o homem relega a si mesmo não se justificando como também não se identificando. É preciso seguir em busca de novas fundamentações que possibilitem uma nova postura. A resposta encontrada pelo homem está na vida social mais universal e mais ampla que a dimensão familiar.

Apesar do homem possuir uma grande vontade de se reconhecer como indivíduo, o homem não pode fazer o caminho unicamente sozinho, pois perderia a sua identidade como ser em comunidade. Quer queira, quer não, o homem realiza-se entre as comunidades dos homens.
A vida política permite ao homem grego encontrar a sua razão maior de ser no mundo. Esse bem estar gerado pelo encontro com a essência humana, provoca o aparecimento de leis e normas que permitem uma certa segurança nesse estilo de vida, nas diferentes expressões da cultura. 
O controle da vida do homem em sociedade, num primeiro momento, se fez através da  religião e da família. Com o amadurecimento da polis há a edificação de leis universais que favorecessem a vida social. É a partir do entendimento de polis que aparece o sentido da existência do homem grego. Dentre outras questões, a geração de novas estruturas existenciais se tornam possíveis quando o homem se percebe como individuo e como ser político. Posteriormente, as novas estruturas da pólis permitiram ao homem que se unisse a outros homens e a outros grupos.Ampliando-se as possibilidades de estruturas que dão sentido a existência humana.

 autora: Eneide Pompiani de Moura

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