quarta-feira, 28 de março de 2012

Antropologia Agostiniana na busca de um novo “Eu”.


Texto de Eneide Pompiani de Moura com o tema “O Universo Medieval – Antropologia Agostiniana” da disciplina "Tópicos de Antropologia Filosófica" do curso de Pós-graduação em Filosofia da Existência, coordenado pelo Prof Vicente Sergio Brasil Fernandes (março/2012).


      A antropologia agostiniana busca o ponto de vista do EU, através do aprofundamento da história interior da vida, como também da busca da individualidade através das situações afetivas/experiências vividas.

         Em sua obra “Confissões” Santo Agostinho sob um enfoque religioso reflete sobre o “ser” espiritual, onde o ser humano se dá conta de forma sistemática dos componentes e dos sentidos de uma abordagem da sua experiência interior. É no relato da conversão que Santo Agostinho mostra a decisão histórica da vida como sendo a vida um fenômeno pleno de historicidade.

         A antropologia agostiniana especifica que o homem quando não esta contente consigo mesmo ele busca um novo “eu”, isto pode ser observado com a decisão histórica do próprio Agostinho quando num primeiro momento ele é um famoso professor de oratória a procura de fama e num segundo momento quando é acometido por uma doença decide interromper a sua carreira e objetivo para tomar uma outra decisão histórica que neste caso foi quando Agostinho abraça o cristianismo. O mais importante nesta decisão (2.o momento) é o seu dominio de uma história interior da vida (1.o momento) para um desvio de sua função vital como forma de reação interior frente aos novos fatos de sua vida – doença – escolhendo o 2.0 momento como sua decisão histórica buscando um novo eu.

            Agostinho não nega a nova situação da fragilidade de sua saúde ao contrário por meio de SUA VONTADE – voluntariarismo – ele busca uma outra convicção de verdade para o seu projeto de vida, reelaborando em sua essência a sua pessoa espiritual como forma motivadora para o seu novo projeto de vida interior despertando uma nova motivação psicológica.

             A crença na realidade de Agostinho acentua que a unidade da vida somos nós que a formamos e que nós estamos sempre presentes para nós mesmos.

           O sentimento imediato da vida e de tudo que nela acontece vem do paradoxo onde a vida escapa dando o sentido da fugacidade da vida; do pânico por constatar que a vida é inapreensível onde o homem teme o que nele é desconhecido; do ser passageiro onde tudo em mim é passageiro não conseguindo ser plenamente ele mesmo sem se dispersar não encontrando a realidade dando a sensação de insegurança, dispersão e nostalgia; a nostalgia como positividade é nela que o homem consegue se ultrapassar não estando acomodado com a vida que leva estando sempre presente os seus desejos principalmente os ligados a busca da felicidade desencadeando a culpabilidade por não extrair tudo o que pode de si; contradição, tensão e vontade são temas que supõe um adversário estando presentes na experiência religiosa de Agostinho manifestado pelo drama interior a que o homem está sujeito através das suas lutas interiores onde a esperança é a ação como forma de erguer como principio o valor ligado à tensão da vontade que é fator gerador de força e consciência da sua personalidade de estar vivo. Assim, é pela vontade que a vida emotiva é englobada assim como seus instintos e seus impulsos e por último o ser da revolta ou a revolta do ser onde o homem em Agostinho não se aceita como é e a busca da felicidade como algo impossível já o faz infeliz levando a revolta contra si próprio por não se admitir como ele é. Se considera como miserável ou um não-ser, Agostinho relaciona a felicidade com a saúde como um estado psicofísico ideal lavando a tensão ao seu grau extremo de sua vontade.

            Agostinho não aceita a idéia do ser humano ser reduzido a um numero de possibilidades limitadas e ainda não definidas. Agostinho quer governar e ultrapassar a vida através da tensão e da vontade. Por isso acredita que a personalidade está em constante construção. Agostinho não acredita na renuncia a si próprio mais na continuação do perseguir a possibilidade e a vontade de ser essencialmente concreto.


Esquematicamente as atitude Agostiniana podem ser analisada em 4 fases:

1) A tomada de consciência da situação;
2) A configuração espiritual de suas motivações pela abertura à significação capital de seu momento histórico vital;
3) A concepção das conseqüências desta experiência vivida, interpretação e compreensão da impossibilidade, ou, numa expressão fenomenológica, consciência do conteúdo de adversidade;
4) O engajamento: o motivo o faz engajar ou o motiva a dar à história interior de sua vida uma outra trajetória. Trata-se de uma decisão ativa de sua vontade, liberdade - a respeito do que deseja ser uma elaboração do que deve ser o outro Agostinho - outra vez usando um termo fenomenológico - é a consciência de possibilidade.


 Autora: Eneide Pompiani de Moura


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