terça-feira, 11 de outubro de 2011

Plotino - filosofo neoplatonismo


Resumo de Eneide Pompiani de Moura
do texo original da Disciplina "O modo de conceber e fazer filosofia de alguns pensadores medievas".
Curso de Pós-Graduação em Filosofia da Existencia
Universidade Católica de Brasilia - 2011 




O mestre de Plotino foi Amônio de Sacas, que tinha uma escola de filosofia em Alexandria entre os
séculos II e III d.C. Seus escritos foram classificados, por seu discípulo Porfírio, em 54 pequenos tratados e esses agrupados, conforme os diferentes temas, em seis Enéadasde nove tratados (em grego, ennea significa ‘nove’; daí o nome Enéadas da obra plotiniana que contém as seis Enéadas).

(Enneade IV, 7)
Uma alma cósmica impregna o corpo do mundo, conferindo-lhe ordem, vida unidade. Segundo Plotino, a alma, seja ela a alma cósmica ou a alma individual, é a única fonte de estrutura e ordem, que é
transmitida para o corpo pelo efeito dinâmico. O corpo, em contrapartida, caracterizado pela localização e massa, desfaz-se na qualidade de composto, perde a sua unidade, a sua estrutura, quando a alma não
permanece mais ativa nele. Essa diferenciação entre alma e corpo significa para Plotino (Enneade IV, 7)
que a alma tem de ser incorpórea, pois de outra maneira o mundo já teria chegado à destruição. Devido
ao caráter incorpóreo, a alma não é definida por localização e massa. Ela pode estar ativa em toda parte
e uniformemente no corpo (no corpo cósmico ou no corpo individual). O corpo na sua existência
estruturada pressupõe a alma: não é a alma que depende do corpo, mas o corpo, da alma.

Assim, os corpos sem a alma se reduzem a uma ausência radical de qualquer forma, a um não-ser, a
uma escuridão denominada ‘matéria’. A matéria, portanto, tem sua origem na alma e se torna a base da
constituição do mundo. A alma, assim, em Plotino (Enneade III, 4, 1), assume a atividade constituinte do mundo, própria do demiurgo de Platão. Aliás, Plotino - inspirado pela alma em sua função formadora - prefere identificar esse demiurgo com um espírito divino.

Mas essa função da alma pressupõe um conhecimento sobre os modelos a partir dos quais a alma pode
formar e conduzir a matéria a uma unidade racional. Mas, dado que a alma não tem em si esse
conhecimento, pois ela tem de recebê-lo ou apreendê-lo, o conhecimento deve existir antes que ela
(Plotinus, Enneade V, 1, 3-4). Essa unidade entre o conhecimento e os modelos do mundo (as Formas de Platão), pressuposta pela alma, é, em Plotino, o Espírito, a Inteligência ou as Idéias de Platão: esse
espírito supra-sensível se identifica nele com o demiurgo de Platão.

As diferentes formas de realidade se constituem numa relação de mútua dependência. As três hipóstases
– o Uno (En), a Inteligência (Nous, Espírito, Intelecto ou Inteligível) e a Alma (psyque) - dão conta dessa intrínseca subordinação de toda a realidade:

Nada vem do Uno senão aquilo que há de maior depois dele.
 Mas o que há de maior depois dele é a Inteligência, que é o segundo termo. 
 Com efeito, a inteligência vê o Uno e não tem necessidade senão dele; 
mas ele não precisa dela; 
o que nasce do termo superior à Inteligência é a Inteligência; 
e a Inteligência é superior a todas as coisas porque as outras coisas vêm depois
dela; por exemplo, a Alma é o verbo e o ato da Inteligência, como ela própria
é o verbo e o ato do Uno. ( Plotinus.Enneade V, 1, 6)


(Enneade V, 2, 1- 2)
“o Uno é todas as coisas e não é nenhuma delas;
princípio de todas as coisas, 
ele não é todas as coisas, pois todas as coisas são o Primeiro e não são o
Primeiro porque este permanece em si próprio, dando-lhe a existência”. 

Continuando, Plotino usa essa
imagem: “cada ponto de uma linha é diferente dos outros, mas a linha é contínua e o ponto anterior não
morre naquele que o segue; ora todas as coisas são como uma grande Vida que se estende em linha
reta”.

(Plotinus. Enneade I, 8,2)
A Inteligência é o primeiro ato do Bem, o primeiro ser. 
O Bem permanece em si próprio; 
ele age tal como vive circulanndo à volta dele. 
Fora da Inteligência e em seu torno circula a Alma; 
olha para a Inteligência e, ao contemplá-la até
à sua intimidade, vê por ela o Deus supremo.


(Plotinus. Enneade. VI, 9, 11)
Cada um, com efeito, não se torna essência, 
mas superior à essência porquese compenetra com Deus.
Se, portanto, alguém souber contemplar-se assim,
terá a si mesmo como imagem de Deus e, 
se ultrapassa de si para Ele, 
como da imagem para o exemplar,
alcançará o fim de seu caminho. 
Mas se cair da contemplação, 
de novo, reavivando a virtude 
que está nele e reconhecendo-se
inteiramente disposto, 
poderá elevar-se da virtude 
para o pensamento 
e da sabedoria até Deus.
Esta é a vida dos deuses
e dos homens divinos 
e bem-aventurados: 
libertação das coisas de cá embaixo,
vida livre das amarras corpóreas, 
fuga do só para o
Só.


Por conseguinte, o homem, graças a suas próprias forças pode divinizar-se e ser feliz como os deuses.
Plotino buscou em Platão e Aristóteles os elementos que pudessem conduzi-lo à contemplação da origem de tudo o que existe.


 Referencias Bibliograficas:
LIBERA, Alain de. A filosofia medieval. Tradução Nicolas Nyimi Campanário e Yvone Maria de Campos
Teixeira da Silva. São Paulo: Loyola, 1998. 532p.
Pensar na Idade Média. Tradução Paulo Neves. São Paulo: Edição 34, 1999. 356p.
PLOTINO. Tratados das Enéadas. (Apenas 12 dos 54 tratados). Trad de Américo Sommerman. São
Paulo: Polar Editorial, 2000. 188p.
PLOTINUS. The six Enneads. Chicago: The University of Chicago, 1952 (By Encyclopaedia Britannica).

Eneide Pompiani de Moura




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