Resumo de Eneide Pompiani de Moura
do texo original da Disciplina "O modo de conceber e fazer filosofia de alguns pensadores medievas".
Curso de Pós-Graduação em Filosofia da Existencia
Universidade Católica de Brasilia - 2011
O pensamento grego organizou-se a partir da noção de desvelamento.
Segundo os gregos, o conhecimento é um caminho ascencional,
no fim do qual o
filósofo, talcomo o místico,
“deve conseguir contemplar a verdade face a face e acabar por se
identificar com a própria divindade” (Brun, 1991, 106).
identificar com a própria divindade” (Brun, 1991, 106).
Em Platão e Aristóteles
É o homem que se eleva para Deus e o faz sem necessidade de
nenhum intermediário.
nenhum intermediário.
No cristianismo, ao contrário, a transcendência de Deus é constantemente mantida.
Trata-se do Deus escondido.
Não é o homem que sobe em direção a Deus,
mas é Deus que desce para o homem,
por meio da Revelação
que nada tem a ver com o desvelamento do entendimento grego.
Há igualmente duas concepções diferentes de Amor.
De Platão a Plotino,
o amor é o desejo que se liga às qualidades do indivíduo,
como efêmero e inconsciente depositário.
Na obra de Platão "O Banquete"
é dito que amamos alguém por sua beleza ou inteligência;
esse amor abole a distância entre Deus e o homem.
O eros grego, deste modo, não tem nada a ver com o ágape cristão,
pois o eros é essencialmente desencarnado, visto que não se dirige à pessoa, mas só às qualidades que essa possui.
No cristianismo, ao contrário, diz Brun, amar não tem nada a ver com o desejo pelo qual
Deus move o mundo (como o Primeiro Motor de Aristóteles), pois Deus se despoja de si mesmo a
ponto de fazer-se homem. Deus liga-se à própria pessoa e sua condição trágica.
Deus move o mundo (como o Primeiro Motor de Aristóteles), pois Deus se despoja de si mesmo a
ponto de fazer-se homem. Deus liga-se à própria pessoa e sua condição trágica.
Ágape, grego, é um amor gratuito, um amor dádiva.
Na filosofia grega fala-se de indivíduos que fazem parte de um Todo
e ficam à disposição deste Todo ou Natureza que engloba as causas e efeitos, ou da cidade ou destino que os submete a suas leis.
No cristianismo, ao contrário, se fala das pessoas.
Kierkegaard acentua que no cristianismo a Pessoa está num plano superior à espécie (a parábola do bom pastor revela bem isso).
A pessoa é sagrada, imagem de Deus.
Essa mesma oposição pode ser estendida ao corpo helenista e à carne cristã.
A filosofia do helenismo é filosofia da imanência
que se enraíza no ‘conhece-te a ti mesmo’ de Sócrates.
É em si próprio que o homem pode encontrar as raízes do conhecimento
que o leva até o supremo desvelamento.
É por isso que Plotino diz que a salvação
já está presente no interior da alma humana,
bastando que se tome consciência disso.
O conhecimento de ti mesmo remete
à reminiscência que permite anular a queda e restituir à alma as asas que havia perdido.
à reminiscência que permite anular a queda e restituir à alma as asas que havia perdido.
No cristianismo, pelo contrário, o que encontramos em nós são apenas trevas.
O homem procura Deus, mas é Deus que encontra o homem caído.
A Revelação e a graça trazem uma luz
que ele é incapaz de desvendar por suas próprias forças.
De Sócrates a Plotino estamos diante de uma filosofia intelectualista da salvação.
Sócrates não se cansa de repetir:
‘ninguém é mau voluntariamente’;
para Sócrates, o mau só se afasta do bem porque o ignora.
Recusa qualquer idéia de mal radical.
Para os gregos não há forças misteriosas do mal.
Para os cristãos, em contrapartida, o mal é algo radical e misterioso, pois faço o mal que
não quero, como dizia São Paulo.
não quero, como dizia São Paulo.
Em conclusão, no helenismo a verdade está no homem;
se ele a esqueceu, pode reencontrá-la
com suas próprias forças.
com suas próprias forças.
Para o cristianismo, contudo, há, de um lado,
a proximidade do homem à verdade,
pois foi criado à imagem de Deus;
e, de outro,
uma distância do homem à mesma,
por causa da queda do pecado original.
por causa da queda do pecado original.
Essas forças antagônicas
o homem sozinho não pode vencer;
a salvação só é possível pela graça.
Não se fala, no cristianismo,
nem de conhecimento
nem de iniciação aos mistérios;
nem de iniciação aos mistérios;
fala-se do Mediador que é Redentor.
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