quarta-feira, 30 de maio de 2012

Método Filosófico de Kant – Parte II







Para melhor aprofundamento do tema sugiro o site da Sociedade Kant Brasileira

Site: http://www.kant.org.br/        

 

O método especulativo em Kant

PROJETO DE DOUTORADO
Pesquisador: Leopoldo Fulgêncio
Orientador(a): Prof. Dr. Zeljko Loparic
Instituição: Pontifícia Universidade Católica - SP
Departamento/Programa: Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica 

Palavras-chave: metapsicologia - especulação - heurística - metafísica da natureza - forças - pulsões - analogia - Freud - Mach - Kant
 

Resumo: Esta tese apresenta uma análise conceitual do método especulativo em Freud, cujo fruto principal é a metapsicologia. Freud é interpretado como defensor da visão da ciência que considera a pesquisa empírica como uma prática de resolução de problemas. Mostra-se que essa visão da ciência é herdada por Freud da tradição positivista e kantiana na filosofia das ciências da natureza. Por um lado, Freud é devedor do programa de pesquisa empírica elaborado por Kant na Crítica da razão pura. De acordo com esse programa, apresentado como uma metafísica da natureza, toda ciência empírica, inclusive a psicologia, deve ser construída por uma pesquisa guiada pelos princípios a priori do entendimento e pelas idéias da razão pura teórica. A ficção heurística de forças originárias e a escolha do ponto de vista dinâmico nas explicações científicas dos processos naturais são alguns dos pressupostos a priori necessários de toda ciência natural. Por outro lado, é nas obras de Ernst Mach que se encontra a fonte de várias posições centrais de Freud relativas ao status epistemológico e ao uso metodológico especulações na ciência empírica. Tal como Kant, Mach defende um programa de pesquisa empírica que utiliza especulações para fins heurísticos, sem considerá-las, contudo, como a priori necessárias, mas como construções auxiliares provisórias. Para ele, conceitos tais como o de força e o de energia são representações-fantasia ou mitologias, temporariamente úteis na investigação das relações empíricas entre os fenômenos naturais, mas que deverão ser substituídas, na formulação final da ciência da natureza, pela simples descrição dos fatos, sem nenhuma metafísica quer realista quer ficcional. Depois de pôr em evidência que a psicanálise freudiana tem uma parte empírica e outra especulativa, será mostrado, em primeiro lugar, que os três pontos de vista fixos - o tópico, o dinâmico e o energético, de acordo com os quais Freud elabora as especulações e explicações metapsicológicas - são uma adaptação do programa kantiano de pesquisa empírica; e, em segundo lugar, que Freud, apoiado em Mach, concebe essas especulações como uma superestrutura especulativa da psicanálise, passível de ser substituída sempre que for encontrada uma mais frutífera. Para completar a análise do método especulativo, será examinado o método analógico, usado por Freud como guia na busca e compreensão dos fenômenos psíquicos, com especial atenção ao que há de empírico e especulativo nas analogias empregadas. Tendo explicitado a metapsicologia freudiana como um conjunto de especulações sobre o inconsciente e, de um modo geral, a natureza humana, oriundas de um programa de pesquisa que naturaliza o psiquismo, seremos levados a perguntar, ao final, se o programa freudiano, herdado no essencial de Kant e dos pós-kantianos, pode se manter face aos desenvolvimentos da filosofia contemporânea - exemplificados pela obra de Heidegger que procede à desconstrução da metafísica ocidental no seu todo - e da própria psicanálise, que - tal como se depreende da obra de Winnicott - não aceita mais o emprego do método especulativo. Nesse sentido, este estudo oferece uma contribuição para as discussões atuais sobre a possibilidade de uma ciência psicanalítica sem metapsicologia. 

  site:

Veja Também

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.