quinta-feira, 17 de maio de 2012

Como se estuda filosofia - Parte II



Texto de Eneide Pompiani de Moura sobre o tema “Como se estuda Filosofia” baseado no fórum de discussão da disciplina "Metodologia de Pesquisa em Filosofia" do curso de Pós-graduação em Filosofia da Existência - Universidade Católica de Brasilia - Polo: São Paulo, coordenado pelo Prof Vicente Sergio Brasil Fernandes (maio/2012).


                                         
             Para se estudar Filosofia devemos lembrar que:

            O estudo da disciplina Filosofia é semelhante como qualquer outra matéria, ou seja, com algum esforço, algum prazer, alguma disciplina. A organização no estudo é fundamental para que os conhecimentos não apareçam dispersos, desligados uns dos outros e, sobretudo, de nós próprios. Só uma boa organização no estudo permite uma boa compreensão e assimilação dos conteúdos estudados.

            Como particularidade no estudo dos textos filosóficos é importante ter o registro dos textos estudados. Seja manuscrito ou digitado, as informações básicas de referencia bibliográfica com as citações e comentários pessoais são importantes formas de agilizar o processo de planejamento de um projeto de pesquisa filosófico e posteriormente a sua realização. Um bom dicionário de filosofia ajudará a busca de padronizações de termos e conceitos filosóficos evitando os viés linguísticos de interpretação, bem como a contextualização histórica que um termo ou conceito foi empregado e a sua adequação para a interpretação do texto filosófico.
            Mas como se estuda filosofia? Pode até parecer uma resposta simples.... , tendo como resposta rápida... como se estuda qualquer outra disciplina, como dito anteriormente.
            Mas será que é tão simples assim?

            Será que ao ler um texto filosófico, aquele que o lê consegue contextualiza-lo no tempo e espaço que foi escrito? Será que aquele que o lê não o interpreta como um dogma?

            Será que aquele que o lê entende ser a filosofia só mais uma disciplina a ser decorada? E a pergunta mortal.... prá que estudar filosofia se não cai no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio Brasileiro)?

            Estas questões foram levantadas na época que eu estagiava na graduação de licenciatura em filosofia há 2 anos (2010) em um colégio público. E estas constatações não se restringia a faixa etária, era uma realidade comum do curso tanto no nível médio tradicional como no EJA (Ensino jovem e adulto – curso noturno para os alunos com mais de 18 anos de idade).

            Como então fomentar o desejo ao estudo filosófico para este grupo de alunos? Ou seria privilégio somente daqueles que buscam uma autonomia no aprendizado filosófico através das várias leituras sistematizadas que podem ou não serem guiadas por um professor de filosofia?
             
             Estudar filosofia é muito mais!

            Estudar filosofia vem da busca de respostas singulares ao seu modo de viver hoje, através de um processo reflexivo crítico, onde os textos filosóficos contribuem ativamente para estas “descobertas” pessoais. Os textos filosóficos possibilitam ao estudante de filosofia reconstruir e construir a sua realidade, num processo dinâmico entre aquilo que o filósofo afirma e o que é compreendido por aquele que o lê. 

            A importância do professor de filosofia é esclarecer ao estudante de filosofia as suas interpretações suscitadas por ele (aluno) e a adequação das interpretações. O professor de filosofia, como profissional habilitado as correções dos viés de interpretação, poderá ser o mediador entre a interpretação contextualizada de um texto filosófico e o desenvolvimento do pensamento crítico, reflexivo que o aluno deverá desenvolver mostrando que a práxis filosófica vai além das argumentações dos textos filosóficos clássicos mais uma aplicação na vida diária de todos nós, havendo assim a hermeneutica chamada “fusão de horizontes”. Como diz o Prof Vicente: Sou ”Eu, que desejo conhecer, a partir de meu horizonte, instauro num diálogo com o horizonte de compreensão do filósofo.” “Essa fusão de horizontes se dá por intermédio dos textos filosóficos. Estes são constituídos a partir de uma base conceitual indispensável à reflexão filosófica”.

            Assim, ao responder a pergunta “Como se estuda filosofia?”, embora a autonomia do aluno é essencial, cabe ao professor de filosofia apresentar os conceitos e contextualização dos textos filosóficos, para que ambos construam um pensamento com atos filosóficos onde a práxis faz parte do dia-a-dia de todos nós.

            Assim, estudar filosofia é um desafio onde não existe um modelo ou uma metodologia pré-estabelecida, pois, muitas são as variáveis onde o despertar para o estudo filosófico dependerá de todos os atores envolvidos.


Autora: Eneide Pompiani de Moura

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