quarta-feira, 16 de maio de 2012

Como se estuda filosofia? Parte I


Texto de Eneide Pompiani de Moura sobre o tema “Como se estuda Filosofia?” baseado no fórum de discussão da disciplina "Metodologia de Pesquisa em Filosofia" do curso de Pós-graduação em Filosofia da Existência, coordenado pelo Prof Vicente Sergio Brasil Fernandes (maio/2012).


               Segundo o Prof. Vicente, esta pergunta se faz sempre presente naquele que deseja buscar a compreensão filosófica. Desde já sabemos que a resposta a ela não é tão simples de se alcançar.
            Primeiramente podemos dizer que é o estudante quem vai descobrir isso, após sistemáticas e repetidas leituras. Afinal, o papel do professor não é entregar tudo facilmente para ele. Aliás, em se tratando de filosofia, a função do professor é fomentar e assegurar ao aluno uma autonomia cada vez maior.
            Esta autonomia reside na busca da construção e (re)construção dos sentidos, alcançada a partir de leituras e (re)leituras dos textos filosóficos. Estes cumprem a tarefa de mediadores entre aquilo que o filósofo afirma e o que é inicialmente compreendido.
            Sendo assim, temos o que a hermenêutica denomina de "fusão de horizontes".
Eu, que desejo conhecer, a partir de meu horizonte, instauro um diálogo com o horizonte de compreensão do filósofo.
            Existe então um aspecto importantíssimo. Essa fusão de horizontes se dá por intermédio dos textos filosóficos. Estes são constituídos a partir de uma base conceitual indispensável à reflexão filosófica.
            O conceito, que sustenta o texto filosófico, cumpre o papel de articulação, corte e superposição de sentidos. Sugere sempre uma elaboração e (re)elaboração da compreensão já que a filosofia trata e busca mundos possíveis (compreensões possíveis).
            Um conceito filosófico opera sempre uma ruptura, parte em busca de novos modos de dialogar, de afirmar e (re)afirmar. Pode-se dizer então que ele, o conceito filosófico, é sempre reativado.
            Reafirmando: o conceito constitui o texto filosófico, permitindo ao filósofo "corrigir-se" e corrigir suas ideias, para constituir sempre novas formulações.
            De uma forma geral podemos dizer que a atitude do filósofo ao redigir um texto vem da:
a) Consciência filosófica está na insatisfação em  possuir um determinado conhecimento fazendo com que haja um empenho, pelo filósofo, em por procurar uma verdade cada vez maior;
b) Para o filósofo não existe um conhecimento absoluto ou definitivo: Por conseguinte, a consciência do filósofo é uma atitude aberta, crítica, insatisfeita, à procura de uma verdade a fazer-se. Ludwig Wittgenstein ( filósofo alemão) afirma que "... a filosofia não é uma doutrina, mas uma atividade".
c)  O filósofo tem ao menos a consciência da sua ignorância fato que inquientando-o, o impulsiona para a investigação. Como diz Sócrates: À propósito Sócrates "...só sei que nada sei".
            Assim,  o ser humano, particularizando o filósofo,  por muito que saiba sempre irá  buscar por novos conhecimento.
     Complemento com o pensamento de Merleau-Ponty quando afirma: "Se nós considerarmos que a Filosofia é, em primeiro lugar, um trabalho para transformar uma experiência imediatamente vivida numa experiência compreendida e, portanto, a Filosofia é um trabalho para transformar uma experiência em um saber a respeito dessa mesma experiência, o campo da Filosofia é vastíssimo. É o campo de todas as experiências possíveis."

            Para mim, Eneide, a particularidade de toda filosofia (independente da área de sua atuação) está nesta busca constante do homem que faz a praxis filosófica onde através de sua experiencia pessoal busca nos conceitos filosóficos a ressignificação de seus valores e crenças através da materialização de novos paradigmas através da reflexão crítica.

Autora: Eneide Pompiani de Moura

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