Este texto foi baseado na aula de Pós-graduação em Filosofia da Existencia, Universidade Católica de Brasília - Polo: São Paulo - disciplina - "Tópicos de Antropologia Filosófica" sob a orientação do Prof. Vicente Sergio Brasil Fernandes.
Trata a questão do homem em sua dimensão ôntica a partir da História e da Cultura que esse mesmo homem produz. Os períodos históricos servem como base ôntica da produção histórico-cultural como um todo.
Esclarecendo que quando me refiro a Ôntico quero me referir a tradução: “o que se refere aos entes”. Heidegger afirma que “a pergunta ontológica é mais primordial do que a pergunta ôntica das ciências positivas”.
Quando me refiro a cultura, quero dizer, como o conjunto das instituições e tradições, dos costumes e representações coletivas, das crenças e sistemas de valores que caracterizam determinada sociedade.
A Antropologia Filosófica considerara alguns elementos existenciais experimentados de modo coletivo no mundo da vida.
A crise de identidade no mundo contemporâneo faz com que o enfoque antropológico direcione melhor o pensamento coletivo buscando compreender o pensamento individual de uma sociedade. Assim, é importante interpretarmos a cultura e a Filosofia que amplia as várias estruturas de significação do homem agregando possíveis maneiras de continuar o exercício de reelaboração da existência, utilizando, para isto, a rearticulação de sentidos que são construídos a partir da cultura.
Vale ressaltar que a característica do discurso antropológico é a de uma disposição crítica que se origina do interesse por uma realização livre ou que busque sempre fundamentar uma emancipação quanto aos modos de compreender a existência, bem como o modo de vida humano.
No discurso antropológico há um compromisso com o estabelecimento de uma comum unidade de fala, de diálogo. Assim, todos os que participam deste diálogo possuem os mesmos direitos e este seria um princípio regulador para buscar uma interpretação abrangente sobre o homem, uma interpretação que conduza a uma ação mais ativa do eu no mundo, que vise a uma posição de liberdade em relação às forças legitimadas e legitimadoras da cultura.
Ao considerarmos que toda interpretação apela para uma fundamentação de postura emancipatória, podemos compreender que a leitura sobre o modo de ser do homem é interrogativa, pois toda vivência comunicativa é da ordem do questionamento. Isto é possível se levarmos em consideração que o discurso filosófico pode se apresentar como sistema, enquanto o universo existencial apresenta configurações padronizadas.
O interesse da Antropologia Filosófica é através de um questionamento, através do diálogo, buscar reatualizar um problema filosófico dando abertura para novas forma de compreensão do mundo ou do homem que habita este mundo. Não mais têm lugar os esquemas conceituais, já que o questionar vai sempre em busca de novas estruturas existenciais. É através do diálogo que há a permissão da autonomia daquele que fala sem a preocupação das respostas- sistemas.
É possível, então, interpretar o diálogo como forma de retirar o homem dos esquemas fixos de compreensão, assim a reflexão filosófica passa a ser também cultural, reconhecida como parte integrante de uma cultura, logo ligada ao pensamento antropológico.
A investigação filosófica antropológica faz do ato de dialogar como forma de mediação entre dois sujeitos, onde ambos possuem uma visão crítica do olhar do outro e do seu próprio olhar a partir de uma linguagem comum onde todos se comunicam. Assim o sujeito deixa de ter somente a sua intenção puramente particular e determinista para ter uma visão comunitária (com os outros sujeitos que dialogam), onde os diálogos são transitórios, provisórios e infinitos.
Reconhecendo estas variadas formas que o homem possui de se posicionar frente à existência, é sempre importante ressaltar que o ambiente da Antropologia Filosófica enfatiza a verdade como algo não estático, e isto nos faz compreender que todo acordo possibilitado pelo diálogo é transitório, provisório e, assim, interminável. O ser humano tem, no diálogo, uma forma de conduzir, de maneira plena, sua existência.
Por isso, a Antropologia Filosófica nos leva a refletir nos permitindo um exame de propostas de novas considerações sobre os diversos modos de ser humano.
(Autora: Eneide Pompiani de Moura)
Leituras recomendadas sobre o tema:
Título: O Horizonte da Antropologia Filosófica
http://www.filosofia.or g /filomat/df263.htm
Título: Antropologia Filosófica como Questão
http://www.olavodecarvalho.org/semana/030719globo.htm
Título: Antropologia Filosófica e Filosofia
http://www.filosofia.org/filomat/df273.htm