quinta-feira, 17 de maio de 2012

Como se estuda filosofia - Parte II



Texto de Eneide Pompiani de Moura sobre o tema “Como se estuda Filosofia” baseado no fórum de discussão da disciplina "Metodologia de Pesquisa em Filosofia" do curso de Pós-graduação em Filosofia da Existência - Universidade Católica de Brasilia - Polo: São Paulo, coordenado pelo Prof Vicente Sergio Brasil Fernandes (maio/2012).


                                         
             Para se estudar Filosofia devemos lembrar que:

            O estudo da disciplina Filosofia é semelhante como qualquer outra matéria, ou seja, com algum esforço, algum prazer, alguma disciplina. A organização no estudo é fundamental para que os conhecimentos não apareçam dispersos, desligados uns dos outros e, sobretudo, de nós próprios. Só uma boa organização no estudo permite uma boa compreensão e assimilação dos conteúdos estudados.

            Como particularidade no estudo dos textos filosóficos é importante ter o registro dos textos estudados. Seja manuscrito ou digitado, as informações básicas de referencia bibliográfica com as citações e comentários pessoais são importantes formas de agilizar o processo de planejamento de um projeto de pesquisa filosófico e posteriormente a sua realização. Um bom dicionário de filosofia ajudará a busca de padronizações de termos e conceitos filosóficos evitando os viés linguísticos de interpretação, bem como a contextualização histórica que um termo ou conceito foi empregado e a sua adequação para a interpretação do texto filosófico.
            Mas como se estuda filosofia? Pode até parecer uma resposta simples.... , tendo como resposta rápida... como se estuda qualquer outra disciplina, como dito anteriormente.
            Mas será que é tão simples assim?

            Será que ao ler um texto filosófico, aquele que o lê consegue contextualiza-lo no tempo e espaço que foi escrito? Será que aquele que o lê não o interpreta como um dogma?

            Será que aquele que o lê entende ser a filosofia só mais uma disciplina a ser decorada? E a pergunta mortal.... prá que estudar filosofia se não cai no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio Brasileiro)?

            Estas questões foram levantadas na época que eu estagiava na graduação de licenciatura em filosofia há 2 anos (2010) em um colégio público. E estas constatações não se restringia a faixa etária, era uma realidade comum do curso tanto no nível médio tradicional como no EJA (Ensino jovem e adulto – curso noturno para os alunos com mais de 18 anos de idade).

            Como então fomentar o desejo ao estudo filosófico para este grupo de alunos? Ou seria privilégio somente daqueles que buscam uma autonomia no aprendizado filosófico através das várias leituras sistematizadas que podem ou não serem guiadas por um professor de filosofia?
             
             Estudar filosofia é muito mais!

            Estudar filosofia vem da busca de respostas singulares ao seu modo de viver hoje, através de um processo reflexivo crítico, onde os textos filosóficos contribuem ativamente para estas “descobertas” pessoais. Os textos filosóficos possibilitam ao estudante de filosofia reconstruir e construir a sua realidade, num processo dinâmico entre aquilo que o filósofo afirma e o que é compreendido por aquele que o lê. 

            A importância do professor de filosofia é esclarecer ao estudante de filosofia as suas interpretações suscitadas por ele (aluno) e a adequação das interpretações. O professor de filosofia, como profissional habilitado as correções dos viés de interpretação, poderá ser o mediador entre a interpretação contextualizada de um texto filosófico e o desenvolvimento do pensamento crítico, reflexivo que o aluno deverá desenvolver mostrando que a práxis filosófica vai além das argumentações dos textos filosóficos clássicos mais uma aplicação na vida diária de todos nós, havendo assim a hermeneutica chamada “fusão de horizontes”. Como diz o Prof Vicente: Sou ”Eu, que desejo conhecer, a partir de meu horizonte, instauro num diálogo com o horizonte de compreensão do filósofo.” “Essa fusão de horizontes se dá por intermédio dos textos filosóficos. Estes são constituídos a partir de uma base conceitual indispensável à reflexão filosófica”.

            Assim, ao responder a pergunta “Como se estuda filosofia?”, embora a autonomia do aluno é essencial, cabe ao professor de filosofia apresentar os conceitos e contextualização dos textos filosóficos, para que ambos construam um pensamento com atos filosóficos onde a práxis faz parte do dia-a-dia de todos nós.

            Assim, estudar filosofia é um desafio onde não existe um modelo ou uma metodologia pré-estabelecida, pois, muitas são as variáveis onde o despertar para o estudo filosófico dependerá de todos os atores envolvidos.


Autora: Eneide Pompiani de Moura

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Como se estuda filosofia? Parte I


Texto de Eneide Pompiani de Moura sobre o tema “Como se estuda Filosofia?” baseado no fórum de discussão da disciplina "Metodologia de Pesquisa em Filosofia" do curso de Pós-graduação em Filosofia da Existência, coordenado pelo Prof Vicente Sergio Brasil Fernandes (maio/2012).


               Segundo o Prof. Vicente, esta pergunta se faz sempre presente naquele que deseja buscar a compreensão filosófica. Desde já sabemos que a resposta a ela não é tão simples de se alcançar.
            Primeiramente podemos dizer que é o estudante quem vai descobrir isso, após sistemáticas e repetidas leituras. Afinal, o papel do professor não é entregar tudo facilmente para ele. Aliás, em se tratando de filosofia, a função do professor é fomentar e assegurar ao aluno uma autonomia cada vez maior.
            Esta autonomia reside na busca da construção e (re)construção dos sentidos, alcançada a partir de leituras e (re)leituras dos textos filosóficos. Estes cumprem a tarefa de mediadores entre aquilo que o filósofo afirma e o que é inicialmente compreendido.
            Sendo assim, temos o que a hermenêutica denomina de "fusão de horizontes".
Eu, que desejo conhecer, a partir de meu horizonte, instauro um diálogo com o horizonte de compreensão do filósofo.
            Existe então um aspecto importantíssimo. Essa fusão de horizontes se dá por intermédio dos textos filosóficos. Estes são constituídos a partir de uma base conceitual indispensável à reflexão filosófica.
            O conceito, que sustenta o texto filosófico, cumpre o papel de articulação, corte e superposição de sentidos. Sugere sempre uma elaboração e (re)elaboração da compreensão já que a filosofia trata e busca mundos possíveis (compreensões possíveis).
            Um conceito filosófico opera sempre uma ruptura, parte em busca de novos modos de dialogar, de afirmar e (re)afirmar. Pode-se dizer então que ele, o conceito filosófico, é sempre reativado.
            Reafirmando: o conceito constitui o texto filosófico, permitindo ao filósofo "corrigir-se" e corrigir suas ideias, para constituir sempre novas formulações.
            De uma forma geral podemos dizer que a atitude do filósofo ao redigir um texto vem da:
a) Consciência filosófica está na insatisfação em  possuir um determinado conhecimento fazendo com que haja um empenho, pelo filósofo, em por procurar uma verdade cada vez maior;
b) Para o filósofo não existe um conhecimento absoluto ou definitivo: Por conseguinte, a consciência do filósofo é uma atitude aberta, crítica, insatisfeita, à procura de uma verdade a fazer-se. Ludwig Wittgenstein ( filósofo alemão) afirma que "... a filosofia não é uma doutrina, mas uma atividade".
c)  O filósofo tem ao menos a consciência da sua ignorância fato que inquientando-o, o impulsiona para a investigação. Como diz Sócrates: À propósito Sócrates "...só sei que nada sei".
            Assim,  o ser humano, particularizando o filósofo,  por muito que saiba sempre irá  buscar por novos conhecimento.
     Complemento com o pensamento de Merleau-Ponty quando afirma: "Se nós considerarmos que a Filosofia é, em primeiro lugar, um trabalho para transformar uma experiência imediatamente vivida numa experiência compreendida e, portanto, a Filosofia é um trabalho para transformar uma experiência em um saber a respeito dessa mesma experiência, o campo da Filosofia é vastíssimo. É o campo de todas as experiências possíveis."

            Para mim, Eneide, a particularidade de toda filosofia (independente da área de sua atuação) está nesta busca constante do homem que faz a praxis filosófica onde através de sua experiencia pessoal busca nos conceitos filosóficos a ressignificação de seus valores e crenças através da materialização de novos paradigmas através da reflexão crítica.

Autora: Eneide Pompiani de Moura

sexta-feira, 11 de maio de 2012

HOMENAGEM AO DIA DAS MÃES - 13 de maio 2012


AOS AMIGOS DO BLOG
OLHAR FILOSÓFICO
HOMENAGEM AS SUAS MÃES!
como também para 
todas as Mães que participam
 deste Blog!



Desejo que a LUZ-VIDA-AMOR
esteja sempre presente com suas mães
e em voce mamãe!


SEGUE UMA IMAGEM DE UMA SUPER MÃE CURUJA...
(a qual eu me incluo com dois curujinhas - meus filhos - Thalita e Marcos
e as outras curujinhas são aqueles que não foram gerados por mim mais estão
agregados como "filhos" por esta SUPER MÃE CURUJA!)







MÃE...
AQUELA QUE SABE ACOLHER
NÃO SOMENTE OS FILHOS GERADOS
MAIS TAMBÉM OS FILHOS DE CORAÇÃO!
Paz Profunda
(autora: Eneide Pompiani de Moura)


domingo, 6 de maio de 2012

Lua Cheia em SAMPA - 6 maio 2012


Lua Cheia de Wesak
Dia 6 de maio 2012 às 00h35 (na noite de sábado para domingo).

COMPARTILHO  as fotos que tirei

Lua Cheia de Wesak
6 maio 2012
São Paulo/SP - Brasil


(Leia a postagem anterior que explica o Mito de Wesak)






sábado, 5 de maio de 2012

LENDA DE WESAK

(Tradução do texto: “versión libre de varios autores: Alice A. Bailey, Torkom Saraydariam, C.W. Leadbeater” encontrado no site www.sabiduriarcana.org )



O sonho, lenda ou acontecimento pode ser descrito da seguinte forma:
Existe um vale, situado ao pé do Himalaia tibetano, numa altitude bem elevada, rodeado por montanhas, exceto na face nordeste, onde existe uma abertura estreita. Esse vale tem a forma de uma garrafa, com o gargalo voltado para nordeste, abrindo-se para o sul. No extremo norte, perto da abertura, há uma grande rocha plana. As encostas das montanhas estão cobertas de árvores, mas no vale não há árvores nem arbustos – ele está coberto por um tapete de pasto duro.

No momento do Plenilúnio de Touro, começam a chegar peregrinos, homens santos e lamas, que vão ocupando a parte sul e central, deixando o extremo nordeste relativamente livre. Ali, segundo diz a lenda, se congrega um grupo de Grandes Seres que são os custódios, na Terra, do Plano de Deus para o nosso planeta e para a humanidade. Com sua sabedoria, amor e conhecimento, formam uma muralha protetora para a nossa raça, tratando de guiar-nos da escuridão para a luz, do irreal para o real, e da morte para a imortalidade. Este grupo de conhecedores da divindade se coloca nos limites do vale, em círculos concêntricos, de acordo com o grau de desenvolvimento iniciático, preparando-se para um grande Ato de Serviço.

Diante da rocha e voltados para nordeste, se encontram – em níveis etéricos – os Seres chamados “Os Três Grandes Senhores”: o Cristo, que se situa no centro; o Senhor das formas viventes, o Manú, que se situa à direita; e o Senhor da Civilização, o Mestre Rakoczi, que se encontra à esquerda. Sobre a rocha descansa um vaso de cristal cheio de água.

Atrás do grupo de Mestres, Adeptos, iniciados e trabalhadores adiantados no Plano de Deus, se situam os discípulos e aspirantes do mundo, em seus diversos graus e grupos – aqueles que, nesta época, constituem o Novo Grupo de Servidores do Mundo. Alguns estão presentes em corpo físico e chegam por meios comuns; outros estão presentes em seus corpos espirituais e em estado de sonho.

Ao se aproximar o momento da Lua Cheia, produz-se uma grande quietude entre a multidão e todos voltam o olhar para o nordeste. A um sinal dado, os Grandes Seres formam três círculos concêntricos e começam a cantar. Quando o cântico se aprofunda e ganha mais ritmo, os Visitantes etéricos se materializam e uma figura gloriosa se torna visível no centro dos círculos, a qual é chamada por vários nomes: Senhor Maitreya, Bodhisattva, Cristo, Senhor da Paz e do Amor. É o Mestre de todos os Mestres que formam a Hierarquia planetária para levar a cabo o propósito divino deste planeta.

O Cristo aparece vestido com um manto branco puro, Seu cabelo caindo em ondas sobre seus ombros. Ele tem o Cetro de Poder em Sua mão, o qual lhe foi dado pelo Ancião dos Dias para esta ocasião. Nenhum Mestre pode tocá-lo, salvo o Cristo, o Mestre de todos os Mestres. Em cada extremo deste Cetro de Poder, há uma grande empunhadura de diamante, que irradia uma aura azul e alaranjada de grande beleza. Os Iniciados que estão nos três círculos focalizam-no no centro e, quando Ele se torna mais visível, todos Eles se inclinam e cantam um mantra de saudação e afirmação.

Em seguida, estes círculos transformam-se num só círculo e uma cruz, em cujo centro está o Cristo. Aqui novamente o cântico comove os corações e as almas dos presentes, e descem mais alegria, paz e bênçãos sobre a multidão.

O próximo movimento é o triângulo dentro do círculo, em cujo ápice está o Cristo. Ele está de pé perto da pedra e coloca o Cetro de Poder sobre ela. Na rocha, se vê o vaso de cristal com ornamentações douradas e grinaldas de flores de loto que cobrem a rocha e pendem de todos os cantos.

Depois Eles realizam outro movimento, que é um triângulo com três ovais que se entrelaçam no centro do mesmo, onde está o Cristo. O movimento seguinte é una estrela de seis pontas e, depois a estrela do Cristo: o pentagrama ou estrela de cinco pontas. Aqui o Cristo está no ápice, perto da pedra; à sua direita, o Manú; à sua esquerda, o Mestre Rakoczi; um Grande Ser no centro e outros dois Grandes nas pontas inferiores da estrela.
Estão presentes os regentes de todos os tipos de energia: os Mestres Morya, Koot Humi, Veneziano, Serapis, Hilarion, Jesus, e Iniciados, discípulos e aspirantes espirituais; e então o cântico cria uma grande tensão na multidão e Cristo, tomando o Cetro de Poder que estava na pedra, levanta-o e diz: - “ -- Pronto, Senhor, venha..."

Em seguida, coloca novamente seu Cetro de Poder sobre a pedra durante uns poucos momentos antes da Lua Cheia, e os olhos de todos os presentes se voltam para a pedra. A expectativa da multidão aumenta e a tensão torna-se maior e continua crescendo. Através da multidão, parece sentir-se um estímulo ou vibração potente, que tem o efeito de despertar as almas dos presentes, fundindo e unificando o grupo, elevando a todos e realizando-se uma grande ação de demanda, ânsia e expectativa espiritual. É a culminação da aspiração do mundo que se acha enfocada neste grupo expectante.

Poucos minutos antes da hora exata, em que tem lugar o Plenilúnio, se divisa ao longe um pequeno ponto de luz no céu, que ao se aproximar, vai se transformando numa silhueta nítida, que adquire a forma do Buda sentado em sua clássica posição de loto, envolto em Seu manto cor de açafrão, banhado em luz e cor, e com sua mão direita levantada, abençoando a todos. Quando Ele chega num ponto sobre a rocha, Cristo entoa A Grande Invocação e todos os presentes caem prostrados tocando a Terra com suas frontes.

Esta Grande Invocação cria uma corrente estupenda de energia que inunda os corações dos aspirantes, discípulos e Iniciados, e chega... a Deus. Este é o momento mais sagrado do ano, o momento em que a humanidade e a divindade tomam contato. No momento exato da Lua Cheia, o Buda passa a Cristo a energia do primeiro raio – Vontade – que Cristo recebe e transforma em Vontade ao Bem.

Cristo é o grande celebrante, estende Suas mãos, pega o vaso, levanta-o sobre Sua cabeça e logo coloca-o de novo sobre a pedra. Então, os Mestres cantam hinos sagrados e o Buda, o Grande Iluminado, depois de abençoar a multidão, desaparece lentamente no espaço. Toda a cerimônia da bênção, desde que Buda aparece ao longe, até o momento em que desaparece, dura apenas 8 minutos. O sacrifício anual que Buda realiza pela humanidade se conclui, quando Ele retornar a esse lugar no alto, onde trabalha e espera.

O Senhor Buda possui sua modalidade especial de energia, que Ele derrama sobre nós, ao abençoar o mundo. Esta bênção é maravilhosamente excepcional, por sua autoridade e categoria, pois Buda tem acesso a planos da natureza que não estão ao alcance da humanidade; e portanto, pode transmutar e transferir ao nosso plano a energia de planos superiores. Sem a mediação de Buda, esta energia não seria aproveitável, pois sua vibração é muito elevada e nos é impossível percebe-la nos planos físico, emocional e mental. Assim, a energia que Buda difunde, através da sua bênção, encontra canais por onde circular, levando alento e paz àqueles que são capazes de recebê-la.

Ano após ano, Buda regressa para distribuir Sua bênção e a mesma cerimônia se repete. Cada ano, Ele e Seu Irmão, o Cristo, trabalham em íntima colaboração para beneficio espiritual da humanidade. Nestes dois Grandes Filhos de Deus concentraram-se dois aspectos da Vida Divina. Através do Buda, flui a Sabedoria de Deus; através do Cristo, o Amor de Deus se manifesta à humanidade, derramando-se sobre ela na Lua Cheia de Touro.

Nesse momento são possíveis grandes expansões de consciência. Os discípulos e iniciados de todas as partes podem ser ajudados e estimulados espiritualmente, a fim de que possam penetrar conscientemente nos mistérios do Reino de Deus.

Continuando a lenda, quando o Buda desaparece, a multidão se põe em pé e Cristo distribui a água bendita aos Iniciados e a todos que estão presentes no vale. Esta linda “cerimônia da comunhão da água” nos insinua simbolicamente, que a Nova Era já está sobre nós, a Era de Aquário, a do “Portador da Água”. A água magnetizada pela presença de Buda e Cristo contém certas propriedades curativas. Depois da bênção, a multidão se dispersa silenciosamente, encaminhando-se para seus lugares de serviço.

Tal é a lenda por trás deste Festival, e também, tal é a realidade, se nos atrevermos a acreditar nela e se nossas mentes estiverem suficientemente abertas e nossos corações suficientemente expectantes, para reconhecermos sua possibilidade. Esta idéia requer que ajustemos algumas de nossas crenças mais caras. Mas, se puder ser captada e compreendida, surgirá em nossa consciência a possibilidade de a raça humana se conscientizar de sua própria divindade, podendo desenvolver uma Ciência de Aproximação às Forças da Vida e a verdades mais profundas, que ainda estão ocultas.

Homens e mulheres do mundo, guiados em uníssono por Buda, que trouxe a Luz ao Oriente, e por Cristo, que revelou a Luz ao Ocidente, podem pedir e evocar uma bênção e revelação espiritual tão intensas, que num futuro imediato poderá se manifestar aquilo a que a humanidade tanto aspira: “paz na Terra e boa vontade entre os homens”. Desta maneira, podemos introduzir uma Era de fraternidade e compreensão que permitirá ao homem dispor de mais tempo para se dedicar a buscar Deus por si mesmo.

Podemos participar do Festival de Wesak através do jejum, da oração ou da meditação grupal. Recitar tanto quanto possível a Grande Invocação nos dois dias que antecedem o Festival e nos dois dias posteriores. O ideal é recitá-la ao amanhecer, ao meio-dia, às cinco da tarde, ao anoitecer e no momento exato do Plenilúnio. Manter-se em estado de permanente atenção e serena expectativa.
A GRANDE INVOCAÇÃO
Do ponto de Luz na Mente de Deus,
Flui luz às mentes dos homens;
A Luz desce à Terra.
Do ponto de Amor no Coração de Deus,
Flui amor aos corações dos homens;
O Cristo está na Terra.
Do centro onde a Vontade de Deus é conhecida,
Guia o Propósito as pequenas vontades dos homens,
O Propósito que os Mestres conhecem e servem
Do centro a que chamamos raça dos homens
Realiza-se o Plano de Amor e de Luz
E sela-se para sempre a porta onde habita o mal.
A Luz, o Amor e o Poder restabelecem o Plano na Terra. 
QUE ASSIM SEJA!
AMEM!

O Festival de Wesak é uma celebração anual, que acontece no momento do Plenilúnio de Touro, quando a bênção de Deus é transmitida à Terra, por intermédio de Buda e de Seu Irmão, o Cristo. Paralelamente ao acontecimento espiritual interno, tem lugar a cerimônia física externa, num pequeno vale do Tibet, no Himalaia. Neste ano, o Festival de Wesak (Lua Cheia com Sol em Touro).

Ritual para a Lua Cheia de Wesak - Dia 6 de maio 2012 às 00h35 (na noite de sábado para domingo).





Durante séculos tem sido celebrado nesta lunação de Touro, próximo ao Himalaia, o Festival de Wesak (a palavra origina-se no Sânscrito e quer dizer MAIO). Representa a manifestação de um grande evento celestial: A materialização da energia de Buda (a consciência crística) que envia bênçãos para todo o planeta Terra. Neste momento, um grande e significativo Portal Energético se abre e podemos nos beneficiar com a energia da Libertação, Iluminação, Amor Sabedoria e Alinhamento com o Plano Superior Divino.

Na época da Lua cheia, uma ponte de contato e comunicação se estabelece entre a humanidade e os centros mais elevados, constituindo um canal único entre a humanidade e a Fonte. A cada mês nosso Sol penetra no campo eletromagnético de um dos signos do Zodíaco, transmitindo sua energia para a Terra. A energia da Lua é bloqueada pela energia do Sol, de tal forma que a transmissão da luz solar é direta. Esta é a razão pela qual os dias de Lua cheia (especialmente em seu momento exato) são chamados de “dias de oportunidade”.

Como presentes das energias da Lua e do Sol nos signos vigentes, recebemos a força profunda, magnética, intensa, curadora e transformadora de Escorpião, juntamente com os atributos de Touro, que, diante de uma escolha, nos traz força de vontade concentrada, foco e determinação. Touro representa, também, a força Próspera da Terra, o poder da Abundância e Concretização no plano material e a Luz Verdadeira no plano espiritual.

Este é um convite para meditarmos e comemorarmos, juntos, essa data especial e receber o bálsamo das Bênçãos Celestiais desse momento, tão precioso e milagroso, em todas as áreas da nossa vida! Para sintonizar-se com essas energias benéficas de abundância e prosperidade, o ideal é reunir um grupo para meditação em conjunto. A energia sincronizada de muitas pessoas pode trazer melhores resultados do que a energia de um único indivíduo. Podemos convidar os amigos e fazer a comemoração em casa, com todos vestidos de branco. Levar flores, incenso, tambores, instrumentos musicais e muita alegria.

Mas qualquer pessoa pode meditar individualmente e se sintonizar com essa egrégora planetária, com o plano mental superior. Basta criar uma atmosfera harmoniosa. Ao meditar, peça a presença dos seres de luz, dos mestres da fraternidade branca, anjos, arcanjos, Elohins, guias espirituais e o que mais a intuição indicar.

Sejamos felizes! 
(autor: Marcelo Dalla)

Fonte: http://www.marcelodalla.com/2010/04/lenda-de-wesak.html?spref=fb
 

quarta-feira, 25 de abril de 2012

SUPERAÇÃO DA METAFISICA e ÉTICA segundo alguns pensadores Contemporâneos:Nietzsche,Heiddeger,éticas de: Schopenhauer, Levinas e Dussel.

Texto de conclusão de disciplina "Superação da Metafísica e a ética em alguns pensadores contemporâneos" de Eneide Pompiani de Moura. Curso de Pós-graduação em Filosofia da Existência - Universidade Católica de Brasília - Polo: São Paulo, coordenado pela Profa. Luciana S. M. Ferreira (abril/2012).  
NOTA FINAL: 10,0
1)    O que se entende por metafísica; como realizar sua superação e como fazer filosofia após essa superação.

A Metafísica tradicional de Platão e Sócrates a salvação do homem está no princípio 1.0, imutável, fora do tempo, Uno, racional sendo considerado como a verdadeira realidade. DEUS é o verdadeiro SER e o seu valor absoluto desvaloriza tudo que é vida e força no mundo e no homem. Nietzsche via contradizer dizendo que a realidade nunca pode ser reduzida a unidade e a imobilidade; para ele é na multiplicidade e no movimento que está a própria realidade (e não na unidade em Deus como defendido pela metafísica).





Nietzsche nega todas as realidades do supra-sensível da metafísica socrática/platônica e dos conceitos de Deus cristão onde só se leva em conta as coisas divinas e não se considera a vida e as coisas da terra. Cria-se assim o NIILISMO.
Nietzsche ao anunciar a morte de deus ele se posiciona a favor no niilismo ativo ou perfeito, dando a partir daí a possibilidade para que o homem crie novos valores. Este homem ele chama de além-homem ou super-homem. A vontade da potencia está presente no além-homem onde os valores da vida na terra em seus contrastes são apresentados de forma real e concreta. É na vontade da potencia de Nietzsche que o homem tem a capacidade em ser criador e criatura de si mesmo,com suas necessidades de vida comum a todas as pessoas. Um obstáculo apontado por Nietzsche diz respeito ao Tempo que ele re-interpreta como o eterno retorno do instante. A realidade para Nietzsche é a realidade Metafísica. A representação do Martelo de Nietzsche é a superação da Metafísica de Platão e Sócrates. 








A superação da metafísica platônica segundo Heiddeger está na visão do ser-aí/dasein enquanto possibilidade. Para Heiddeger o sentido do Ser se faz como o Ser que se revela num ente concreto (como ser humano). Heiddeger vê que a metafisica tradicional confunde o ser com o ente. Os primeiros filósofos perguntavam pelo ser das coisas que viam e acabavam falando dessas coisas como se falassem do seu ser. Mas para Heidegger, o ser não é o ente, embora o ser seja sempre ser de um ente (diferença ontológica). Isso significa que o ser é inapreensível e não é uma presença. É aquilo que me escapa. O problema de Nietzsche, para Heidegger, é que ele foi mais um a falar apenas do ente. E assim ele terminou sendo o último metafísico.
     Dasein rejeita a crença da consciência fechada em si mesmo (mundo interno) e de um mundo existente fora dela (mundo externo), ou seja, o dicotamismo platonico (sensível e supra-sensível). O fato do homem dar o sentido a tudo o que o rodeia o faz possuidor de dasein o que ele denomina de ser-no-mundo. O ser-no-mundo constitui um existencialismo como um modo de ser do dasein. O ser-no-mundo é quando o mundo é parte constitutiva de seu ser. O Ser-Ai/Dasein se abre para o ser-com e para o ser-em dando a possibilidade de compreender e interpretar a si mesmo, aos outros e aos demais entes. Dasein/ser-ai é caracterizado como aquele ENTE que compreende o SER embora inacabado mas com um poder-ser, como um projeto que ele tem de assumir.
Obra de Heiddeger – Ser e Tempo – não se pretende eliminar a metafísica, mas desconstrui-la, a fim de fazer ver não só os componentes que levaram ao esquecimento do ser, mas para examinar as possibilidades contidas nelas. Isto é possível através da compreensão do ser pelo Dasein/Ser-Aí pelo circulo hermeneutico e pela diferença ontológica.
Para Heiddeger o esquecimento do Ser (na metafísica tradicional) está em confudir Ser com o Ente Supremo levando ao esquecimento do ser. Devemos entender os entes a partir da compreensão do ser (na metafísica foi ao contrário estudou-se ser a partir dos entes).
O dasein/ser-aí (é o ente) tem uma pré-compreensão do ser. Assim o ser não se conhece como um objeto frente a um sujeito conhecedor, pois, o ser faz parte da condição humana. 




2) Os pontos mais importantes das éticas de Schopenhauer, Levinas e Dussel.





Schopenhauer vivencia a transição do Iluminismo, do racionalismo kantiano e de Hegel para construir um enfoque mais existencial. Ele aborda a existência do homem e seus problemas em vários dos seus textos - nos quais aparece o tema da ética e da moral.
Schopenhauer escreveu, 1819 “O Mundo como Vontade e Representação”, ampliando e reescrevendo o tema em 1844 de forma mais abrangente (apresentou um apêndice chamado “Crítica da Filosofia Kantiana”). Escreveu também o “Parerga e Paralipomena” onde as partes sobre a Filosofia nas Universidades e Aforismos para a Sabedoria na Vida estão publicadas em português.
As obras mais ligadas ao assunto da ética são As Dores do Mundo e Os Dois Problemas Fundamentais da Ética, publicados em 1841. Outros textos como"Sobre a Liberdade" e "O Fundamento da Moral" (apresenta a perspectiva ética de Schopenhauer).
Para Schopenhauer ética e moral são sinônimos (ou seja, não há uma distinção entre eles) enfocando a as virtudes particularmente a compaixão como fundamento para AÇÃO ÉTICA. Schopenhauer não concorda com a ênfase ao dever e que o imperativo categórico seja o que nos conduz a uma ação ética, defendida por Kant.

As ideias de vontade de Schopenhauer foram influenciadas pelos textos da India como Upanishads  e pelos textos budistas de Siddharta tendo sempre como foco o tema da ética.
Schopenhauer esclarece quanto às regras da moral que: “... com cada pessoa com que tenhamos contato, não empreendamos uma valorização objetiva da mesma conforme valor e dignidade, não consideremos portanto a maldade da sua vontade, nem a limitação do seu entendimento, e a incorreção dos seus conceitos, porque o primeiro poderia facilmente ocasionar ódio, e a última, desprezo; mas observemos somente seus sofrimentos, suas necessidades, seu medo, suas dores. Assim, sempre teremos com ela parentesco, simpatia e, em lugar do ódio ou do desprezo,aquela compaixão que unicamente forma a ágape pregada pelo evangelho. Para não permitir o ódio e o desprezo contra a pessoa, a única adequada não é a busca de sua pretensa 'dignidade', mas, ao contrário, a posição de compaixão." (SCHOPENHAUER, 1983, p.188)
Schopenhauer enfatiza que a realidade dos sofrimentos das pessoas (inferno), durante toda a sua vida tem como causa fundamental o egoismo sendo este o motivador dos tormentos presentes na existência das pessoas, á partir deste paradigma é que surge a idéia de ética/moral de Schopenhauer onde é na atitude de compaixão que se conseguirá neutralizar o egoismo e as dores da existência desencadeados por ele (o egoísmo). A superação do egoísmo através da atitude prática da compaixão, caridade e piedade, ou seja, através do agir por altruísmo, passa a ser um caminho prático para superação dos sofrimentos/dores da vida de cada pessoa através da identidade do outro.








Na ética de Levinas há uma separação dos entes, assim outro é diferente do eu, o externo existe entre eles o tornando diferentes. Neste entendimento levinico o Eu pode reconhecer o outro como totalmente outro e salvar a alteridade do outro. A ética de Levinas é como alteridade da responsabilidade ou da heteronomia. Ela é concebida como uma estrutura arcaica e anárquica da própria subjetividade (sem identidade).
Levinas critica a ética da tradição ocidental (helenístico) por entender reduzir tudo à indiferença do mesmo do ser e do eu não havendo lugar para o outro que é considerado como exterior e este não existe. No Helenismo o outro é igual ao eu (outro = eu) ou não há lugar para o outro como o outro. Tudo é ente. Tudo é ser. Não há totalidade no pensamento de Levinas.
Os principais elementos da Ética de Levinas são:
1) Critica dos pressupostos das éticas ocidentais. (Eu = Outro)
2) A separação dos entes.
3) A casa.
4) O rosto:
o rosto e o infinito;
o rosto e responsabilidade;
5) O Outro é Mestre e Lei

Levinas acredita que os entes humanos são separados um dos outros. Ele é contrário das éticas tradicionais que se caracterizam pela autonomia, isto é, tudo é determinado e assimilado pela liberdade do eu (o outro é reduzido ao eu e à neutralidade do ser). Para Levinas a ética é heterônoma, ou seja, o outro é separado do eu e é a partir da heteronomia, da exterioridade, do outro que se constrói a ética levinasia.
Levinas defende a Ipseidade, que é um termo usado para expressar o movimento em que cada ente humano se torna singular, idêntico a si mesmo. Os entes são separados um dos outros e a única maneira do Eu ser Eu está no exterior da totalidade no fruir das coisas do mundo sem prestar contas a ninguém. Diz Levinas: “A fruição é a própria produção de um ser que nasce, que rompe a eternidade tranqüila, seminal ou uterina, para se encerrar numa pessoa, que vivendo no mundo vive em sua casa”. A Ipseidade leva a felicidade para Levinas.
A morada ou a casa possibilita que o Eu reconheça o Outro como Outro. O Eu egoísta e satisfeito pode se abrir para a dimensão da hospitalidade reconhecendo o outro como o outro. A morada ou a casa é a intimidade do Eu, dando a conotação de sua condição de recolhimento (do Eu) que está manifestado no mundo. A representação da casa é firmada na sua feminilidade como representação de abrigo, acolhimento, calor humano, intimidade, de interioridade e de habitação desenvolvendo assim a subjetividade do sentido da casa. A casa é o símbolo do recolhimento do Eu.
A casa ou moradia pode ter dupla interpretação: pode ser um fechamento em si mesmo como pode se abrir ao outro através da hospitalidade (ao que é exterior). Diz Levinas: “a habitação e a intimidade da morada que torna possível a separação do ser humano supõe assim uma primeira revelação de outrem”.
O rosto (um pensamento do infinito):
o rosto e o infinito (passagem do outro para o infinito)
o rosto e responsabilidade;
O rosto para Levinas sugere a exterioridade na alteridade absoluta do outro que está na transcendencia no desejo “metafísico” irreversível e insaciável pelo outro (desejo infinito) por serem exteriores e separados; que não se fixa no presente mais somente no passado sendo rotulado como o enigma do rosto – epifania (aparição ou manifestação divina – abertura ao transcendente) dando uma significação emanada pelo rosto. O roso indica uma realidade que não está presente nele invertendo a ordem estabelecida. O rosto do outro não se deixa sintetizar. A metafísica de Levinas está no encontro do rosto do outro, onde se faz a relação com o infinito (relação com um terceiro – ele absoluto = ideal infinito = transcendência irreversível).
O rosto e a responsabilidade está representada na anterioridade do ser que se apresenta como vestígio do rosto. O rosto só se torna presente na anterioridade através de uma ética de acusação, perseguição e responsabilidade pelos outros. A responsabilidade é a única de ser diante do abandono do outro.
Alteridade, exterioridade e magistério se identificam. Segundo Levinas toda verdade referente ao mundo só tem sentido na medida em que permanecer unida e em obidiência a uma verdade transcendente. Graças ao mestre a verdade é um ensinamento da transcendência com olhar de autoridade e mandamento. No rosto do outro se percebe um outro mais “alto” que eu através do decreto: “Tu não matarás” – Levinas institui a não violência / a Paz; uma antropologia que se situa fora do saber e poder totalitário do ser e do eu.O rosto é uma autoridade e um envio sem fundamento no ser ou na razão através de uma palavra de ordem – pensamento ético que restringe o eu.
O rosto é a palavra que ensina, não permitindo que o Eu reduza o outro ao mesmo e ao ser além de proibir a violência matando o outro.





Dussel percebe os efeitos perversos do eurocentrismo e o mundo globalizado onde a maioria é composta por excluídos que vivem em estado de miséria concluindo que o sistema econômico vigente no Ocidente é injusto onde os excluídos não são reconhecidos em sua alteridade. É a partir dessa exterioridade da realidade da vida das vítimas da exclusão social que Dussel não só denuncia esta crueldade como coloca proposições de como as vítimas/excluídos com auxilio dos outros podem se libertar (práxis) transformando as normas e leis, os atos, as instituições ou sistemas de eticidade vigentes na sociedade injusta. Para Dussel, toda a pessoa tem igualdade de direitos não só de sobreviver, mas de viver bem e com dignidade.
A elaboração da ética da libertação se fez através da história das éticas nas culturas antigas particularmente no modo positivo de olhar para corporeidade e a vida como do Egito africano-bantu, dos semitas do Oriente Médio, do mundo meso-americano e inca contrapondo o lado negativo das culturas do mundo indo-europeu.
Dussel apóia o pensamento ético daqueles que valorizam positivamente a vida, o corpo e o mundo sensível desenvolvem uma sensibilidade muito grande diante da dor do pobre, do órfão, da viúva, do estrangeiro e do excluído: ouvem seus gritos de dor e se sentem responsáveis por eles.Na mesma linha desse pensamento ético a partir da exterioridade da vítima temos Marx e Levinas. Ressaltando que aqueles que vêem negativamente a vida, valorizando apenas o espiritual (a alma), não conseguem perceber a interpelação ética da vítima que têm fome, está nu, está submetido à escravidão física ou de dominação. A ética de libertação de Dussel é material de conteúdo que tem como proposta pensar filosófico-racional da situação real e concreta, ética, da maioria da humanidade com vistas histórica e filogenética.
          Dussel, Marx e Levinas tem em comum o foco da ética a partir da exterioridade da vítima, com vistas à luta pelo reconhecimento de entes humanos excluídos dentro de cada país como também do planeta como um todo. É na crítica ética do sistema vigente, que nega a corporeidade que se expressa no sofrimento das vitimas/excluídos/dominados.
            A mesma crítica de uma sociedade que produz vítimas através da dominação da época e da razão moderna foi também discutida entre outros filósofos como: Feuerbach, Schopenhauer, Nietzsche, Horkheimer,Adorno, Marcuse e, particularmente, Freud, Marx e Levinas.
          Uma crítica negativa só é possível quando se reconhece o outro (a vitima/ o excluído/ o dominado) como sujeito autônomo, livre distinto além de igual. Através deste reconhecimento onde a vítima é um sujeito é possível criticar o sistema que o exclui. Baseado em Levinas, para quem o rosto do Outro é interpelação, Dussel diz:”Porém um passo mais profundo ainda é a resposta simultânea diante do dito re-conhecimento como re-sponsabilidade, anterior ainda ao chamado da vítima à solidariedade.” Assim, o critério da crítica negativa vem da descoberta da negatividade da vitima como vítima, impossibilitando-a de reproduzir a vida pelo sistema onde a vitima aparece como não-verdade. É na negação crítica que se afirma o reconhecimento da dignidade autônoma do outro como outro e, ao mesmo tempo, é compromisso responsável para com ele. Mas é a partir da negatividade mais originária (negatividade material primeira) que se dá esse re-conhecimento re-sponsável. É a partir deste paradigma que Dussel vai estabelecer uma passagem do enunciado descritivo para o normativo-ético (do ser para o dever-ser) através dos enunciados:
a)    Este ato ou mediação, que não permite à vítima viver, nega-lhe, ao mesmo tempo, sua dignidade de sujeito e a exclui do discurso. (Ibidem, p. 376) Não permitir a vida é um mal que vem da finitude humana. O mal é a origem oculta que causa vitimação.
Este pensamento está de acordo com Levinas que critica a totalização do ser e Marx que critica o valor da economia capitalista. Surge assim o o re-conhecimento re-sponsável da vítima como ente humano autônomo em sua corporeidade sofredora: isso subverte o “mal” e vai possibilitar, no futuro, o processo de libertação.
b)    Esta que está ali na miséria é uma vítima de um sistema X.
c)     Re-conheço essa vítima como um ser humano com dignidade própria e como outra que o sistema X. (Ibidem, p. 378)
d)    Este re-conhecimento me/nos situa como re-sponsáveis pela vítima diante do sistema X. (Ibidem)
e)    Eu tenho o dever ético, porque sou responsável por ela, de tomar a meu cargo essa vítima. (Ibidem, p. 370)
f)      Sendo re-sponsável diante do sistema X pela vítima, devo (é uma obrigação ética) criticar este sistema porque causa a negatividade desta vítima. (Ibidem, p. 379)
g)    Não atues de maneira que tua ação cause vítimas, porque somos re-sponsáveis por sua morte,tu e eu, e por isso seríamos criticáveis por seu assassinato. (Ibidem, p. 380).
Dussel observa que a Ética da Libertação obriga a fazer uma descrição mais rica e detalhada da ordem das pulsões e dos tipos de racionalidade ou princípio ético do processo qualitativo e quantitativo do desenvolvimento da vida dentro de uma comunidade. Observando que no contexto da vida humana está incluído uma participação responsável pela preservação de toda espécie de vida  (que seria a ética ecológica).
A aplicação da ética da libertação de Dussel tem que partir da própria comunidade, constituídas pelas vítimas que se auto-reconhecem como dignas e que se afirmam como auto-responsáveis por sua libertação. Fundamento defendido por Marx que coloca a vítima como quem se auto-emancipa e em Paulo Freire que considera a vitima como quem toma consciência crítica e realiza a transformação de seu saber e práxis libertadora.
 AUTORA: ENEIDE POMPIANI DE MOURA
 
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